Dr. Alejandro Zoboli

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Coalizão Tarsal ou Barra Óssea: O que é, como diagnosticar e tratar!

Coalizão tarsal ou barra óssea corresponde a fusão de dois ou mais ossos do pé. Os ossos do pé mais acometidos são os ossos do tarso, localizados na região mais posterior do pé e são eles: calcâneo, tálus, navicular e cubóide.

Quando há a presença de uma coalizão tarsal, normalmente os pacientes apresentam graus variados de pé plano rígido.

Apesar da coalizão tarsal estar presente desde o nascimento, a maioria dos pacientes são assintomáticos até a adolescência. Quando sintomáticos, os pacientes experimentar dor, rigidez, incapacidade funcional e desvios de pisada (pé plano).

A maioria dos pacientes com coalizão tarsal dolorosas apresentam alívios dos sintomas com repouso, uso de algum tipo de imobilizadores, medicação analgésica ou antiinflamatória e adequação de calçados. Entretanto, nos casos refratários muitas vezes é necessário um pequeno procedimento cirúrgico.

Anatomia das Barras Ósseas:

A principio, a coalizão tarsal pode ocorrer em quaisquer ossos do pé. Entretanto, são extremamente mais comuns nos ossso do retropé: calcâneo, tálus e navicular.

As barras ósseas mais comuns são respectivamente: talocalcaneana, talonavicular e calcaneonavicular.

Panorama Geral da Coalizão Tarsal:

A coalizão tarsal ou barra óssea ocorre quando um grupamento de células de 2 ou mais ossos apresentam erros em se diferenciar, formando assim uma “ponte” entre 2 ou mais ossos. Essa “ponte” ou barra óssea pode ser cartilaginosa, óssea ou fibrosa.

Estima-se que 1% das pessoas apresentem coalizão tarsal e que em 50% dos casos o acometimento é bilateral. Entretanto, como o quadro é muitas vezes assintomático, essa estimativa pode ser imprecisa.

Como dito acima, esta condição se inicia desde o nascimento, entretanto, como durante a infância os pés apresentam as cartilagens de crescimento em desenvolvimento e abertas, a maioria dos pacientes são assintomáticos. Durante a adolescência e idade adulta, na qual os pés já não apresentam mais cartilagens de crescimentos e são mais “rígidos” estes podem se tornar sintomáticos. Outro motivo que levam esses pacientes a serem sintomáticos na adolescência é que durante essa fase, os pacientes tendem a ser mais ativos, fazerem mais atividades físicas e terem mais lesões que podem instabilizar as barras ósseas.

Quais são os Sintomas da Coalizão Tarsal?

Os principais sintomas da coalizão tarsal ou barra óssea são:

– Dor local (no local da barra óssea ou ao redor)

– Edema local

– Incapacidade funcional (dificuldade em correr / praticar esportes)

– Rigidez do pé

– Presença de Pé Plano

Como fazer o Diagnóstico da Coalizão Tarsal?

O diagnóstico da coalisão tarsal, assim como o de diversas outras patologias do pé e tornozelo, envolve uma boa anamnese, exame físico e exames complementares de imagem.

Anamnese e Exame Físico da Coalizão Tarsal:

Durante a anamnese é importante averiguar sobre inicio dos sintomas, fatores de melhora/piora, tipos de calçados de uso diário, fatores que desencadeiam a dor e tipos de esporte / atividades que o paciente pratica.

Durante o exames físico, é importante se atentar para o posicionamento do pé (avaliar se trata-se de um pé plano), pontos dolorosos, pontos com edema ou inchaço e mobilidade.

Exames de Imagem para Diagnóstico da Coalizão Tarsal:

Inicialmente as radiografias simples (frente + perfil + obliquo com carga do pé / frente + perfil + mortisse com carga do tornozelo) podem nos dar boas informações sobre a presença ou não de barras ósseas.

Algumas vezes a coalizão é bem evidente nas radiografias; outras, vemos sinais indiretos das barras ósseas como o “sinal do C” e “talar beak sing“.

Além das radiografias, a tomografia computadorizada pode mostrar de maneira mais pormenorizada as barras ósseas, a extensão das mesmas e os ossos acometidos. A ressonância magnética é um outro exames de imagem que pode ser solicitado e se presta para avaliar a presença de edema na barra óssea, presença de outras lesões de cartilagem ou lesões associadas de partes moles.

Como Tratar os pacientes com Coalizão Tarsal?

Inicialmente os pacientes que apresentam coalizão tarsal dolorosa são tratados de maneira não cirúrgica (conservadora). O tratamento conservador para as barras ósseas envolve um período de 3-4 semanas de imobilização (calçados firmes / sandálias rígidas ou botas imobilizadoras), uso de analgésicos e antiinflamatórios e eventualmente fisioterapia analgésica. Após esse período, o paciente retira a imobilização e retorna gradualmente às suas atividades diárias.

Nesse ponto podem ocorrer duas situações: na primeira o paciente se mantém assintomático e portanto, o tratamento está concluído com sucesso; na segunda, o paciente pode voltar a ter dor no mesmo nível anterior.

Nos casos refratários ao tratamento conservador, está indicado o tratamento cirúrgico.

 

Como é o Tratamento Cirúrgico para Coalizão Tarsal?

O tratamento cirúrgico para a coalizão tarsal ou barra óssea consiste na ressecção da barra óssea. Desse modo, através de um pequeno procedimento, o cirurgião ortopedista resseca a “ponte” óssea que une 2 ou mais ossos afim de devolver movimento a uma articulação que estava bloqueada pela coalizão tarsal.

Coalizão Tarsal
Pré Operatório

 

Coalizão Tarsal
Pós Operatório

 

Em alguns casos, principalmente quando há a presença de um pé plano (pé chato) mais acentuado, o cirurgião opta por realizar a correção do alinhamento do pé no mesmo procedimento para evitar problemas futuros.

Em casos mais graves quando há uma lesão importante na articulação entre os dois ossos acometidos pela barra óssea, além de retirar a barra, é realizado um procedimento de fusão ou artrodese da articulação acometida, corrigindo o posicionamento do pé, melhorando a dor a despeito da perda parcial do movimento da articulação acometida.

Caso você apresenta algum sinal ou sintoma de coalizão tarsal e está seja dolorosa, procure um Ortopedista Especialista em Pé e Tornozelo para melhor orientação sobre como tratar e conduzir essa lesão.

Fonte:

Orthoinfo

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